José António de Sousa

Diretor

 

Acreditamos que a evolução das sociedades está diretamente relacionada com a aprendizagem e a aplicação do conhecimento adquiridos em cada momento.

O Liceu D. Dinis surge e desenvolve-se nessa convicção e no acreditar que a educação é um fator preponderante para a minimização das desigualdades e construção de melhores condições de sucesso pessoal e profissional.

Dada a pressão sobre as estruturas educativas existentes no início da década de setenta é decidida a construção de vários liceus, entre os quais o Liceu D. Dinis nos Olivais, misto, com a dotação de 40 salas e um quadro de 22 professores efetivos, 1 de lavores femininos, 7 administrativos e 15 auxiliares, como referido no Decreto da sua criação, Decreto-Lei 447/71, de 25 de outubro, tendo sido inaugurado em 2 de outubro de 1972.

Desde a sua criação que se tornou numa Escola diferenciadora, seja pela sua característica de escola mista, seja pela diversidade social dos seus alunos e alunas, ou ainda pela origem dos mesmos, recebendo alunos das malhas urbana, industrial e agrícola de Lisboa, Loures, Vila Franca de Xira e Azambuja.

Após o 25 de abril de 1974, e com o processo de massificação do ensino, o Liceu D. Dinis, então já Escola Secundária D. Dinis, chegou a acolher cerca de cinco mil alunos, utilizando uma secção no que veio a ser a Escola João dos Santos, funcionando em três turnos diários durante grande parte da década de oitenta.

As lutas estudantis e sociais, no final dos anos setenta e início dos anos oitenta, sobretudo nessa zona da cidade, passaram uma imagem de zona “difícil e muito complicada”.

A minha chegada a esta escola acontece nesse contexto, para fazer o meu estágio pedagógico, recebendo de vários amigos mensagens de solidariedade pela desdita da minha colocação.

O acolhimento que tive desdizia tudo o que tinha ouvido de negativo, tendo a minha orientadora pedagógica, Drª Maria Isidra Contreiras, pessoa que muito me marcou profissional e pessoalmente, sido uma verdadeira anfitriã, permitindo-me uma fácil integração na escola, no seu ambiente, possibilitando a perceção clara da aplicação do conceito “escola de afetos”. Quanto aos alunos, sempre dizia “eles vêm de sítios diferentes, de classes sociais diferentes, mas na nossa sala são todos iguais e, à sua maneira, todos precisam de nós. O Professor pode fazer a diferença”.

Cheguei por dois anos e fiquei por quarenta….

Escola irreverente, sempre procurou soluções para além do que era dado. Olhando para os seus alunos, ao longo das décadas, os seus profissionais sempre procuraram encontrar algo mais que pudessem dar para que a motivação, a ambição, o querer, a resiliência, o acreditar, se tornassem realidade para a maioria.

Esta inquietude levou à participação em inúmeras atividades, projetos nacionais e internacionais, apresentação de propostas de criação de novos cursos, alguns do quais, reformulados, ainda hoje em funcionamento. O reconhecimento, em sessão pública, do trabalho efetuado pelos alunos, pelos professores e funcionários tornou-se uma prática, desde os finais dos anos oitenta, que se estendeu a todas as escolas do Agrupamento após a sua criação em 2012/13. O reconhecimento da importância desta nossa prática de reconhecimento público veio a ter eco, estando atualmente previsto que a mesma se realize em todas as escolas do país, no início de cada ano letivo.

Escola que sempre olhou para a sua comunidade de uma forma ativa e interventiva, com a realização de protocolos e parcerias e intervenção direta em inúmeras ações de solidariedade social, formação, exposições, organização de eventos locais, nacionais e internacionais.

Esta rede de parcerias, na área da Saúde, em instituições de solidariedade Social, em empresas nacionais e internacionais, em instituições educativas e autarquia, sobretudo o inestimável apoio da Junta de Freguesia de Marvila, consolidaram o nosso Projeto Educativo.

Esta abertura e capacidade de dar e receber muito contribuiu para a construção da nossa nova Comunidade que é o Agrupamento de Escolas D. Dinis, com as suas cinco escolas de Jardim de Infância e 1º Ciclo – Professor Agostinho da Silva, João dos Santos, 195-Aquilino Ribeiro, Loios e Luiza Neto Jorge; as duas escolas de 2º e 3º ciclos – Marvila e Damião de Góis, e a Escola Secundária D. Dinis.

Esta nova realidade tem permitido, ao longo destes dez anos, uma maior articulação entre ciclos, escolas, e sobretudo dos seus profissionais – professores, técnicos do Serviço de Psicologia e Orientação, do Gabinete de Apoio ao Aluno e à Família, Assistentes Operacionais e Assistentes Técnicos – pilares de garantia da construção das melhores respostas às necessidades e expectativas dos alunos, das suas famílias e da comunidade escolar.

Muito foi feito. Todos devemos estar orgulhosos dessa construção. Mas muito há ainda a fazer perante os novos desafios que a sociedade sempre vem colocando.

Nestes 50 anos, a Escola Secundária D. Dinis soube ser formadora, integradora, inovadora, facilitadora na construção e concretização de sonhos pessoais e profissionais. A construção e aplicação do conhecimento continuará a ser um dos seus focos, continuando a permitir a intervenção diferenciadora dos nossos alunos e alunas na sociedade.

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