Maria da Luz Castro

Docente 

Presidente Conselho Geral

 

Um testemunho de 33 anos vividos na Escola Secundária D. Dinis

Não faço 50 anos na Dom Dinis, mas não ando muito longe disso… Em 1978 dei por mim com grande emoção a participar na minha primeira reunião do grupo disciplinar 4ºA desta escola. Tudo novo para mim: salas, janelas, staff… Uma colega marcou – me desde os primeiros momentos pela simpatia e transparência que demonstrava. Foi com muito gosto que pude acompanhar de perto ao longo de algumas dezenas de anos a minha querida amiga Aurora Celeste Rosa. Iniciei a minha experiência de vida na Dom Dinis com alunos do secundário e cedo passei ao turno da noite, na sua maior parte com trabalhadores-estudantes. Experiência incrível humana, social, logística e familiar. Quase dá para esquecer, já lá vai tanto tempo, mas vivíamos numa época em que havia três turnos de alunos na Dom Dinis, vindos de Lisboa Oriental, Portela, Sacavém, mas também de outras zonas mais distantes, preenchendo os turnos da manhã, da tarde e da noite. Para meu espanto fiquei a saber que na Dom Dinis daquele tempo a população estudantil era tão numerosa quanto a do Instituto Superior Técnico naquele final da década de 70. Trinta e muitos alunos por turma por vezes sem mobília suficiente … Mas o espírito era ainda o de revolução, o da garantia do direito à educação, o entusiasmo na construção de algo novo e importante. As oportunidades foram surgindo para a inovação pedagógica tão necessária na área das ciências experimentais. Ideias, mas também concretizações. E estas requeriam reforço financeiro.

Foi assim que a Escola despertou para a área de projetos pedagógicos, primeiro sobre temas considerados já tão pertinentes como o da poluição atmosférica, a pegada carbónica e as alterações climáticas. A integração de Portugal na Comunidade Europeia favoreceu o intercambio, enriquecedor para os alunos, entre esta escola e as suas congéneres europeias. Recordo a Dom Dinis como uma escola sempre aberta a novas ideias e dinâmicas inovadoras disciplinares, trans e interdisciplinares que contaram com equipas de alunos e professores das áreas das ciências em interligação com humanidades, artes e desporto. O apoio das direções da escola, sob as chefias dos professores Aurora Celeste Rosa e José António de Sousa, foi imprescindível e altamente encorajador para que as equipas em que participei pudessem conduzir uma educação abrangente, centrada no aluno e respeitando o multiculturalismo; acompanhando o crescimento dos alunos não só nas questões da instrução, mas simultaneamente da solidariedade e da cidadania, nomeadamente nas questões ambientais e da preservação dos recursos. Nesta perspetiva foi igualmente importante a abertura da escola a parcerias com instituições e empresas, nacionais e estrangeiras que assim puderam contribuir também para os elevados padrões de educação que definíamos e desejávamos atingir. Foi uma honra fazer parte de uma escola assim. E é com alegria e orgulho que a recordo na celebração dos seus 50 anos.

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